segunda-feira, 30 de maio de 2011

BULLYING: O QUE É ? COMO LIDAR COM ISTO ?

Se você está em contato com crianças em idade escolar e com adolescentes, certamente já ouviu falar em bullying. A palavra bullying vem da língua inglesa e significa ameaçar, amedrontar ou intimidar. O termo tornou-se bastante divulgado e usado ao redor do mundo como identificação de um conjunto de atitudes e práticas agressivas e intencionais, adotadas repetidamente por uma criança ou um adolescente — ou um grupo — contra outro que não tem condições de defesa. A prática vem muitas vezes em forma mascarada de “brincadeira”, provendo diversão às custas da vítima, com um prazer perverso.


Não existe uma palavra única na língua portuguesa para expressar o bullying. A imagem ao lado traz várias atitudes e práticas que estão presentes no bullying e podem torná-lo compreensível para nós.Aqueles que são alvo das agressões são geralmente escolhidos por fugirem dos padrões comuns à turma – o gordinho ou o magricela, o calado, o estudioso, o recém-chegado, entre outros. Os meninos estão mais envolvidos com o bullying violento, tanto como autores quanto como alvos. Já entre as meninas, o bullying também ocorre, mas costuma se caracterizar como prática de exclusão ou difamação.


O tamanho estimado do problema, segundo uma pesquisa realizada pelo Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (Ceats) e relatada na Folha de S. Paulo em 21 de março de 2010, é impressionante: 70% dos alunos afirmam que viram, pelo menos uma vez, um colega sofrer algum tipo de agressão dentro da escola; 9% viram alunos serem atacados várias vezes numa única semana; 10% garantem que testemunham diariamente esse tipo de cena. O mesmo se pode dizer do tamanho estimado da consequência: 43% dos alunos se sentem angustiados no ambiente escolar; 36% sentem medo com certa frequência; 10% estão sempre com medo. Uma forma crecente de bullying é o cyberbullying – o bullying por meio de comunidades virtuais, blogs, redes sociais e também mensagens em celulares. Um em cada seis estudantes brasileiros do ensino fundamental já foi alvo de bullying no mundo virtual.


A prevenção é uma necessidade, tanto por meio de informação e de medidas práticas como por meio da formação bíblica dos mais jovens. Pais e educadores precisam acompanhar de perto as crianças e os adolescentes, e estar atentos aos sinais de mudança de comportamento.  O diálogo com os mais jovens favorece a identificação de possíveis manifestações de bullying, abre oportunidade para que tanto a vítima como as testemunhas ganhem coragem de relatar o que está acontecendo, e cria um ponto de contato para transmitir a verdade bíblica.


O termo bullying não está na Biblia. Mas isso não quer dizer que a Bíblia não se dirige significativamente a esta expressão da nossa cultura.  Considere os dados da pesquisa feita pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência sobre os tipos de bullying mais frequentes:
Apelidar: 54,2%  – Agredir: 16,1% – Difamar: 11,8% – Ameaçar: 8,5% – Pegar pertences: 4,7%.
Encontramos na Bíblia inúmeras ilustrações e ensinos sobre ira, conflito e discriminação, e também a solução para tais problemas. Quando a Bíblia menciona algo com tanta frequência, podemos esperar que seja uma luta universal. O bullying não é novidade! Os pecados relacionados com conflito interpessoal ocupam boa parte das listas compiladas pelo Apóstolo Paulo em passagens como Romanos 1.29-31, 2 Coríntios 12.20, Gálatas 5.19-21, Efésios 4.31, Colossenses 3.8 e 2 Timóteo 3.2-4. E a solução: “Todavia, não foi isso que vocês aprenderam de Cristo. De fato, vocês ouviram falar dele, e nele foram ensinados de acordo com a verdade que está em Jesus. Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade” (Ef 4.20-24).


Qual tem sido a sua reação diante do que temos presenciado em nossos dias com as crianças e os adolescentes na escola, na vizinhança e até mesmo na igreja? Não podemos ficar calados e nada fazer. Como desenvolver uma estratégia para prevenir o bullying entre crianças e adolescentes? Como aconselhar? Somos chamados a ser bons observadores da nossa cultura e a pensar biblicamente sobre os componentes do “fenômeno bullying“, buscar e sistematizar o ensino bíblico, traçar uma estratégia de atuacão e ministrar com sensibilidade e amor aos três grupos:
os praticantes do bullying — crianças ou adolescentes  e jovens com comportamento violento, a caminho de se firmarem como adultos agressivos;
as vítimas de bulllying — crianças ou adolescentes que sofrem e podem ter problemas significativos no relacionamento com Deus, consigo mesmas e com outros, e
as testemunhas do bullying — todos aqueles que, como nós, são parte de uma cultura em que este comportamento tem se tornado cada vez mais comum e gerado as mais diversas reações, da frustração à indiferença, da revolta ao medo.
Temos trabalho a fazer: debruçarmo-nos cuidadosamente sobre a Palavra, não na busca frustrada de um versículo que mencione o bullying, mas com a disposição de aprender a pensar sobre os “fenômenos de nossos dias” com base em princípios bíblicos e construir uma teologia prática que atenda às necessidades atuais. Cristo e Sua Palavra são suficientes para transformar integralmente as vidas marcadas pelo bullying!

Usando o livro de Tiago, Como Alcançar o Coração do Conflito ajuda-nos a entender onde as atitudes e ações agressivas tem início, insight que podemos aplicar proveitosamente ao problema do bullying. David Powlison escreve:
“Os conflitos afetam todos nós: você, eu, as pessoas com quem convivemos e trabalhamos. A ira é apenas um dos fios no problema maior de conflitos interpessoais. Sim, ações e emoções de ira ocupam frequentemente o centro do palco nos conflitos, mas uma extensa família de reações também toma parte no drama da vida real: medo, dor, autocomiseração, fofoca, fuga, busca de conforto no escapismo, mentira, manipulação e até mesmo uma alegria perversa. [...] Contender é uma característica fundamental dos pecadores. Reflete a imagem de Satanás: mentiroso, assassino, causador de divisões, agressor. Promover a paz diz respeito a Deus, em Cristo, e àqueles que estão sendo renovados à Sua imagem. Podemos consultar vários textos bíblicos, mas os capítulos 3 e 4 de Tiago são a passagem clássica e extensiva que revela a mente de Cristo sobre o assunto”.

COMO LIDAR COM O BULLING


O melhor antídoto para lidar com o “bullying” e não se tornar um alvo fácil é gostar de si mesmo, é acreditar em si próprio, em Deus é ter uma elevada auto-imagem que abarque a aceitação de suas características próprias, aceitando-as como prova de sua individualidade no mundo, e, principalmente, não cultivar o papel de vítima perante os demais.
Os alvos são pessoas ou grupos que são prejudicados ou que sofrem as conseqüências dos comportamentos de outros e que não dispõem de recursos, status ou habilidade para reagir ou fazer cessar os atos danosos contra si. São, geralmente, pouco sociáveis e um forte sentimento de insegurança os impede de solicitar ajuda. São pessoas sem esperança quanto às possibilidades de se adequarem ao grupo.
 
       A baixa auto-estima é agravada por intervenções críticas ou pela indiferença dos adultos sobre seu sofrimento. Alguns crêem ser merecedores do que lhes é imposto.  Têm poucos amigos, são passivos, quietos e não reagem efetivamente aos atos de agressividade sofridos. Muitos passam a ter baixo desempenho escolar, resistem ou recusam-se a ir para a escola, chegando a simular doenças. Trocam de colégio com freqüência, ou abandonam os estudos.
 
            Por outro lado, é importante que se conscientize de que não está sozinho nessa situação, não sendo culpado pelo que acontece, embora seja responsável pelo que possa vir a acontecer, se der poder a quem o ameaça, submetendo-se por medo. É importante que relate os fatos para outras pessoas como amigos e adultos que fazem parte de seu convívio, como seus pais, professores, orientadores, terapeutas, pois é realmente difícil interromper esse processo sozinho.
 
           Determinadas atitudes são fundamentais nesta hora, como ter coragem e não passar uma imagem de medo, pois, na realidade, este é o grande prêmio de quem coage em um “bullying”. Deve manter a calma, não lutar ou reagir de modo agressivo, transparecendo sua raiva, outro objetivo de um “bully”; procurando ignorar os provocadores e indo embora, pois, assim, há um esvaziamento do poder de quem coage. O que ele deseja ver são evidências de quanto o outro se sente mal e incapaz e, possivelmente, agirá ainda pior na próxima vez.

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